Células e Tecidos
A cultura de células e tecidos
é uma das grandes áreas de pesquisa em biotecnologia. No entanto, até hoje
não foi possível ainda realizar culturas perfeitas de tecidos no estado de
maturação encontrado num organismo vivo. A pesquisa sobre o crescimento
de de tecidos de alta qualidade é uma grande promessa para aplicações
médicas. Entretanto, os métodos de cultura convencionais obtém apenas uma
camada plana de células crescidas, que diferem em aparência e função do
padrão tri-dimensional encontrado nos organismos vivos. Além disso é
difícil, no ambiente estático de crescimento, encontrar o alimento necessário
a sua sobrevivência.
Um exemplo de pesquisa nestas áreas, utilizando ambientes de microgravidade, é
o do esforço para crescer tecidos tri-dimensionais, que a NASA está desenvolvendo,
criando uma nova tecnologia para a produção de células e tecidos, chamada de bioreator de
paredes rotatórias. A cultura é realizada em um cilindro horizontal com baixa
rotação, que produz menores níveis de tensão sobre as células em
crescimento do que aqueles originalmente utilizados na Terra. A contínua
rotação do cilindro permite que amostras do tecido fiquem suspensas dentro do
fluído de crescimento, evitando parte da aceleração da gravidade terrestre. O
bioreator deve produzir uma série de resultados muito melhores em ambientes de
microgravidade.
Outra razão para que as células sejam sensíveis ao ambiente de crescimento em
reatores com agitação, é que o fluxo de fluído causa forças de cisalhamento
(aquelas que causam que partes contínuas da estrutura ou solução escorreguem
relativamente umas às outras) que prejudicam a agregação das células, e o
reator da NASA também reduz estas forças de cisalhamento. Isto já permitiu o
crescimento de tecidos com dimensões razoáveis, de tal forma que tratamentos
experimentais sejam realizados nas culturas ao invés de nos próprios
pacientes. O bioreator está sendo aperfeiçoado para monitorar e controlar
automaticamente os níveis de glucose, oxigênio, pH e dioxido de carbono da
solução que contém o tecido.
O bioreator está permitindo a melhor modelagem de tumores humanos de cólon,
próstata, seio e ovário. Células crescidas pelos métodos convencionais não
formam um típico tumor canceroso. No bioreator, no entanto, os tumores se
desenvolvem em espécimes que se parecem com o tumor original. Resultados
similares também tem sido observados para tecidos humanos normais.
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As fotos comparam culturas de um carcinoma de cólon crescidos na gravidade terrestre (a) e no bioreator da NASA durante um vôo orbital (b). As células da amostra crescida em microgravidade agregaram-se para formar uma massa muito maior e similar ao tecido encontrado em organismos vivos. As células crescidas no espaço parecem ser também mais saudáveis do que aquelas crescidas na Terra. |
O uso continuado destas pesquisas devem aumentar
o nível de conhecimento sobre o desenvolvimento de tecidos cancerosos e tecidos
normais. Foram iniciados experimentos no Space Shuttle e na estação orbital
MIR, onde uma ainda maior redução das tensões sobre os tecidos em crescimento
deve permitir a obtenção de amostras muito maiores. Estas pesquisas também
estão sendo adaptadas para utilização na Estação Espacial Internacional.
Outros sistemas biológicos mais complexos são também estudados em
microgravidade. O objetivo é o de estudar como eles funcionam e, a partir dai,
entender como replicar suas funções encontradas na natureza. Uma simples
bactéria pode ser um sistema sofisticado e complexo, capaz de realizar
funções que nenhuma máquina feita pelo homem consiga ainda copiar.