Combustão
em Microgravidade
Em
ambiente de microgravidade é possível a realização de experiências sem a
influência dos efeitos gravitacionais como a convecção
e a sedimentação. Por
exemplo, na Terra, durante a queima de uma vela, há ocorrência de convecção
provocada pela diferença de densidade entre o gás quente produzido pela reação
e o ar mais frio em volta da chama. O movimento ascendente do gás quente faz
com que a base da chama seja alimentada com o ar frio, que contém o comburente
(no caso, o oxigênio), necessário para manter a
continuidade da queima. Todos os produtos resultantes da combustão (dióxido
de carbono, vapor de água e fuligem) são também deslocados pela mesma convecção,
que é o mecanismo dominante de transporte de moléculas dentro da chama.
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Na
Terra, o formato e a cor da chama de uma vela é resultado
dos efeitos de convecção (a), enquanto que no espaço, o
mecanismo predominante é o da difusão molecular (b). |
Em
microgravidade, no entanto, a convecção deixa de existir, e o transporte dos
produtos de combustão e dos gases são efetuados por um processo muito mais
lento, que é a de difusão molecular. A difusão ocorre, como resultado da
existência de um gradiente de concentração, dos produtos da queima e do oxigênio,
entre as regiões próxima e longe da chama.
Pelo fato de ser um processo mais lento que a convecção, a queima da vela também
torna-se mais demorada, além da chama assumir um formato esférico, uma vez que
a difusão ocorre igualmente em todas as direções.
Pode-se concluir que a pesquisa realizada em microgravidade permite estudar
diversos fenômenos que normalmente são mascarados pela ação da gravidade. Desse
modo, é possível
verificar
com mais detalhes outros mecanismos que também estão presentes nos
processos de combustão e ficam mascarados sob o efeito da gravidade terrestre.